Um Olhar Sobre as Zonas Húmidas
Exposição de Fotografia de Natureza




Exposição de Fotografia
“Um Olhar sobre as Zonas Húmidas”
Mário Gomes
As Zonas Húmidas representam apenas 2% da superfície terrestre, contudo são um dos biótopos mais valiosos do nosso planeta.
Na verdade elas posicionam-se entre os mais ricos ecossistemas da biosfera, sendo fundamentais para a preservação da diversidade biológica, e consequentemente, para a vida na terra.
A sua elevada produtividade primária fornece a base alimentar de muitos seres vivos, permitindo alicerçar várias cadeias alimentares dependentes destes ambientes.
Uma importante convenção global sobre conservação, adoptada em 1971, surgiu justamente com o objectivo de conservar estas zonas, especialmente como habitats da avifauna aquática.
Mais conhecida por Convenção de Ramsar por ter sido adoptada na cidade Iraniana com esse nome, a Convenção das Zonas Húmidas conta actualmente com 169 signatários, incluindo Portugal, que assumem directrizes intergovernamentais para a conservação destes ecossistemas e seus variados recursos.
“Áreas de sapal, paúl, turfeira, ou água, sejam naturais ou artificiais, permanentes ou temporários, com água que está estagnada ou corrente, doce, salobra ou salgada, incluindo águas marinhas cuja profundidade na maré baixa não exceda seis metros” foram então definidas como Zonas Húmidas pela Convenção, e a celebração mundial destes ecossistemas, instituída a 2 de Fevereiro, data da assinatura deste tratado. A data é celebrada desde 1997.
Ao longo dos tempos, a percepção da importância das Zonas Húmidas tem sido cada vez mais reconhecida pela comunidade científica como indispensável para a protecção da biodiversidade e para o bem-estar das comunidades humanas.
Em Portugal, o Estuário do Rio Tejo é a maior e mais importante Zona Húmida e a primeira do país a ser classificada como Sítio Ramsar em 1980. Espécies como lontras, golfinhos, peixes, moluscos, crustáceos e uma grande variedade de aves limícolas e aquáticas encontram no estuário os seus habitats. Mas quer se tratem de zonas húmidas de grande ou pequena dimensão, elas são fundamentais para a biodiversidade. A água com pouca profundidade permite a penetração de luz solar, conduzindo às melhores condições para a existência da vida. Mesmo a mais pequena charca pode possibilitar o aparecimento de larvas de insectos, de pulgas de água, de girinos de diversos anfíbios, de alevins de pequenos peixes.
Muitas destas zonas actuam como barreiras contra inundações, através da absorção dos seus impactes e da reposição de águas subterrâneas, ajudando a regular o ciclo da água. Outra valência será a grande capacidade que o conjunto das Zonas Húmidas tem na captura de dióxido de carbono da atmosfera, contribuindo eficazmente para a mitigação das alterações climáticas.
A importância biológica destas zonas está também intrinsecamente ligada ao seu valor social, cultural e económico. A pesca, a exploração de bivalves, a indústria e a navegação são algumas das actividades económicas ligadas às comunidades locais, funcionando muitas vezes como fonte de subsistência. Além disso são também locais de lazer e de recreio, atraindo visitantes e aumentando o seu valor.
Por outro lado, o aumento contínuo da população, a desvalorização e desconhecimento sobre a sua extrema importância ecológica e socio-económica, bem como a elevada sensibilidade a perturbações externas, faz deste ecossistema um dos mais ameaçados e vulneráveis.
No Séc. XX mais de 50% das Zonas Húmidas do planeta desapareceram devido à acção humana. Em Portugal mais de 80% dos habitats relacionados com estas áreas estão ameaçados e a degradar-se.
Há que assumir um compromisso urgente para a conservação das Zonas Húmidas e protegê-las da pressão humana através de uma gestão sustentável.
Vamos todos contribuir!