Um Olhar Sobre as Zonas Húmidas
Exposição de Fotografia de Natureza
As Zonas Húmidas representam apenas 2% da superfície terrestre, contudo são um dos biótopos mais valiosos do nosso planeta.
Na verdade elas posicionam-se entre os mais ricos ecossistemas da biosfera, sendo fundamentais para a preservação da diversidade biológica, e consequentemente, para a vida na terra.
A sua elevada produtividade primária fornece a base alimentar de muitos seres vivos, permitindo alicerçar várias cadeias alimentares dependentes destes ambientes.

Pandion haliaetus A águia-pesqueira é uma ave de rapina que pode ser vista em Portugal como migradora de passagem e invernante. É uma espécie pouco comum, embora possa ser considerada regular nalguns locais. Ocorre principalmente em zonas húmidas costeiras e, mais raramente, no interior, sendo quase sempre vista isoladamente. Está presente no nosso território de Setembro a Abril.

Motacilla cinerea Embora não muito numerosa distribui-se por todo o território nacional. Frequenta normalmente zonas de águas límpidas ou correntes e pequenos diques ou represas. Residente no Norte e Centro e invernante no Sul do País.

Anas acuta É um pato de tamanho semelhante ao do pato-real, embora apresente uma figura mais leve e esguia. Em Portugal é um invernante pouco comum, ocorrendo entre nós a partir de Outubro. Pode ser observado em todo o país, embora seja mais comum na zona sul, em zonas de estuário, lagoas costeiras e barragens.

Motacilla alba Ave mais comum na metade Norte do País onde se encontra presente durante todo o ano. Nos meses de Outubro a Março torna-se mais corrente na metade Sul do País. Existe uma sub-espécie britânica que nos visita como ave invernante, embora muito menos comum.

Recurvirostra avosetta e Limosa limosa "O alfaiate com a sua plumagem preta e branca, é uma limícola que se identifica à distância. O bico preto é fino e fortemente recurvado para cima. As patas são cinzentas-azuladas. O milherango é uma limícola bastante comum, que pode formar bandos de várias centenas de aves. É um migrador de passagem e invernante. Na migração pré-nupcial de Janeiro a Fevereiro podem ser observadas em Portugal cerca de 50 mil aves, sobretudo em arrosais."

Macroglossum stellatarum Como o seu nome indica assemelha-se aos colibris pelo seu aspecto e pelo seu modo de voo. As asas anteriores são castanhas, com linhas onduladas e uma pinta preta em cada uma. As posteriores são de cor ocre-alaranjada marginadas de preto. Cabeça larga e antenas curtas e grossas. O abdómen é robusto, com uma "cauda" em leque, de compridas escamas pretas e brancas, que orientam o voo. Possui ainda uma espiritrompa bastante comprida, que utiliza para sugar o néctar.

Colias croceus É uma borboleta difícil de fotografar porque tem um voo errante e rápido. É raro observá-la pousada nas flores, a alimentar-se do néctar. É uma espécie típica de prados e campos cultivados.

Charadrius hiaticula Os adultos em plumagem de Verão são fáceis de identificar pela coleira preta no peito e pelas patas cor-de-laranja. Os juvenis e os adultos em plumagem de Inverno apresentam a coleira incompleta. É uma das limícolas mais comuns nos estuários portugueses. No nosso país ocorrem indivíduos invernantes e também migradores de passagem, havendo grande variação do número de indivíduos de mês para mês, mas a espécie pode ser vista durante quase todo o ano.

Bufo bufo O sapo-comum é o maior anuro da fauna portuguesa, com uma diferenciação marcada de tamanho entre os machos, que raramente ultrapassam os 10 cm, e as fêmeas, que podem atingir mais de 20 cm. Vivem em terra a maior parte do ano. Durante o dia escondem-se em buracos, debaixo de pedras ou em troncos e raizes mortas. Ao pôr-do-sol saem para caçar uma grande variedade de animais como insectos, vermes, caracóis e até pequenos vertebrados.

Porphyrio porphyrio Bastante maior que a galinha-de-água, esteve outrora quase extinta no nosso território, podendo hoje em dia ser fácilmente observada em algumas zonas do Algarve. Com uma cor intensa de azul e o seu bico e patas vermelhas constitui uma das aves mais procuradas pelos observadores europeus. Tem vindo progressivamente a ocupar algumas zonas húmidas do Alentejo, havendo inclusivé uma tentiva de reintrodução no baixo Mondego.

Ciconia nigra Pernas longas e vermelhas, bico longo e vermelho, e um padrão preto com reflexos esverdeados, fazem desta uma das mais belas aves do nosso território. Rara, estando ameaçada devido à perda de habitat. Nidificam em Portugal poucas centenas de casais, sendo sobretudo estival. Durante o Inverno, é bastante rara, havendo algumas observações dispersas pelo Alentejo, geralmente na proximidade de açudes ou albufeiras.

Ciconia ciconia e Limosa limosa A cegonha-branca é uma das aves mais conhecidas da nossa fauna, sendo reconhecíveis por quase todos a sua tonalidade branca e preta e o seu característico bico vermelho. O milherango é uma limícola bastante comum, que pode formar bandos de várias centenas de aves. É um migrador de passagem e Invernante. Na migração pré-nupcial de Janeiro a Fevereiro podem ser observadas em Portugal cerca de 50 mil aves, sobretudo em arrosais.

Remiz pendulinus Pouco comum, trata-se de uma espécie que pode ser vistas nos caniçais e tabuais e não nas matas e florestas como os outros chapins. É uma espécie invernante, podendo ser vista de Outubro a Março, em pequenos bandos, não sendo contudo muito abundante, com pequenas manchas muito localizadas.

Dicyrtomina ornata Os colêmbolos são artrópodes ápteros que apresentam corpo esférico e sub-cilíndrico, piloso e geralmente recoberto por escamas. São hexapodos (três pares de pernas). Possuem um órgão adesivo, o coloforo, permitindo sua adesão ao plano em que se encontra, e uma estrutura denominada fúrcula que se trata de um apêndice saltatório. São encontrados em diversos habitats, principalmente ambientes húmidos, nos solos, folhas em decomposição e na superfície de águas paradas.

Crocothemis erythraea O macho maturo possui corpo vermelho, o mais vivo de todas as libélulas da Europa. A fêmea e os juvenis são de cor amarelo-acastanhado (muitas vezes dourados). Encontra-se junto de águas com pouca profundidade, estagnadas e eutróficas tais como lagoas, arrozais e canais de drenagem. É tolerante a alguns graus de salinidade. Em Portugal ocorrem duas gerações por ano, podendo ser observados de Março a Novembro.

Calopterix virgo Alcança os 4 cm de comprimento. As asas das fêmeas são translúcidas de cor parda e as dos machos de cor azul metálico. O corpo dos machos é também azul e o das fêmeas é verde com reflexos dourados. Os seus olhos podem ter mais de 30.000 facetas, o que junto com a sua incrível mobilidade de voo faz com que nada escape quando em busca de alimento. Preferem águas rápidas, claras e bem oxigenadas.

Emberiza schoeniclus A fêmea é extremamente mimética e dificil de observar por entre os caniços e sapais onde pode ser encontrada. Já o macho quando se encontra no período reprodutivo apresenta a cabeça de cor negra com um "bigode" branco e colorido geral mais intenso, sendo então mais fácilmente observável. Trata-se contudo de uma ave pouco frequente.

Phylloscopus collybita Uma das felosas que nos visita no Inverno, sendo rara na Primavera e Verão. Distribui-se por todo o território sobretudo nas zonas baixas. Pode ser confundida com outras felosas com que se assemelha muito, sendo o canto uma das melhores formas de identificação das mesmas. É uma ave insectívora.

Anas strepera Apresenta uma figura mais esbelta e leve que o pato-real sendo as características que mais ressaltam o abdómen e o espelho das asas brancos. É uma espécie residente e um invernante pouco comum. A população residente, durante a época de reprodução, distribui-se sobretudo pelo Alentejo interior e, mais localmente, pelo Algarve. No Inverno tem uma distribuição mais alargada e pode ser observada, de norte a sul do país, em locais diversos, em bandos pouco numerosos.

Phoenicopterus roseus Outrora mais rara, hoje pode ser vista praticamente ao longo de todo o ano, sobretudo nos grandes estuários, principalmente no do rio Tejo. Trata-se de uma ave emblemática pelo seu colorido róseo, sobretudo dos adultos e pela sua enorme beleza em voo.

Cisticola juncidis Ave muito pequena e de aspecto bastante débil, sendo usado o seu nome no contexto popular para descrever pessoas de aspecto fraco, têm contudo uma vocalização bastante forte e notória para a dimensão da própria ave. Espécie que habita zonas de altitude inferior a 800m, tendo preferência por charnecas, pastagens, baldios e zonas húmidas, podendo aí ser observada durante todo o ano.

Gallinula chloropus Espécie residente e comum, mas bastante discreta e por vezes difícil de observar. Pode ser encontrada em cursos de água de pequena dimensão durante todo o ano, já que se trata de uma ave residente.

Anser anser Ave grande muito semelhante aos gansos domésticos que estamos habituados a observar. De tom geral cinzento acastanhado, patas cor-de-rosa e bico amarelado forte. Costuma formar bandos grandes, de dezenas até centenas de aves. Em voo, o seu pescoço comprido fica bastante projectado, conferindo-lhe uma silhueta característica. Espécie que localmente pode ser abundante, sendo no geral pouco comum, com distribuição bastante localizada. Ocorre entre nós entre Outubro e Março.

Ardea purpurea Menos comum e um pouco menor do que a garça cinzenta é mais difícil de observar. Pode ser vista com alguma facilidade na zona do estuário do Tejo. Está no nosso território de Março a Julho (Outubro para os juvenis).

Alcedo athis Uma das aves mais vistosas do nosso país. Pode ser visto durante todo o ano e praticamente em todo o território nas zonas abaixo dos 1000m, sendo contudo mais frequente no litoral. Normalmente difícil de observar a não ser quando se desloca como um autêntico raio azul em voo rasante, depois de surpreendido no seu poiso. Alimenta-se sobretudo de pequenos peixes, crustáceos e batráquios.

Plegadis falcinellus Ave de cor castanho escuro com reflexos metálicos que lhe dão um aspecto inconfundível conjuntamente com o seu bico curvo. Forma bandos que podem chegar a centenas de indivíduos em zonas alagadas, como arrosais e paúis. Podem ser observadas durante todo o ano, embora sejam mais frequentes no Inverno. Conhecem-se poucas tentativas de nidificação no nosso território.

(Barroca d'Alva) Localizada em ambiente rural, isolada no meio de uma lagoa na Herdade da Barroca d’Alva, a Ermida de Santo António da Ussa apresenta planta circular com cobertura em cúpula esférica, rodeada por muralhas de ameias quadrangulares que lhe conferem um aspecto fortificado. A sua lagoa é um importante habitat para aves, anfíbios e répteis.

Sympetrum striolatum Estão presentes numa grande variedade de massas de água, mas para reprodução esta espécie prefere locais com águas paradas, calmas. Nesta altura milhares de indivíduos voam e pousam em qualquer pequena erva ou arbusto. Os adultos são normalmente vistos voando de Junho até Novembro e algumas vezes no mês de Dezembro.

(Barroca d'Alva) Na Barroca d’Alva, entre o montado e as pastagens para o gado, encontramos os arrozais que se afiguram como um dos sistemas mais importantes para a preservação da Natureza. Integrados no património natural do Concelho de Alcochete, os arrozais, tal como as salinas, assumem-se como um importante habitat para espécies diversificadas como aves aquáticas, anfíbios, répteis e seus respectivos predadores, como é o caso das cegonhas e das garças.

Anas crecca Este pato, o mais pequeno da Europa, não tem cores vivas e à distância pode parecer castanho ou acinzentado. Contudo, uma observação mais atenta permite discernir as cores do macho: cabeça vermelha e verde, espelho amarelo sob a cauda. É é uma espécie invernante e que está presente no nosso país principalmente de Setembro a Março, embora possa ser vista, em pequenos números, noutros meses do ano. Durante a época fria é um dos patos mais abundantes.